sábado, 3 de fevereiro de 2018

Uma casa com cerquinha branca


De vez em quando você solta a reclamação do porquê eu nunca escrevi nada para você. E, como sempre, eu te olho com aquela cara de paisagem tentando disfarçar minha confusão porque eu também não sei. 
Você brinca ao dizer que é porque eu não te amo de verdade e, sincera, eu nego essa afirmação mentirosa, mas preciso confessar que eu também me espanto com essa falta de inspiração e essa secura de palavras para falar de você. Eu sempre soube tão bem como explicar o que sinto, como descrever pessoas, como inventar momentos e histórias. 
Então, eu entendi. Eu sempre fui boa em falar sobre um amor inventado, irreal, sobre pessoas quase inexistentes, sobre coisas que nunca passei, frases que nunca disse e momentos que nunca vivi. 
Não consigo escrever sobre você porque você é meu amor real. 
Você não é só mais um personagem que eu criei, você existe. O que eu sinto é tão real que eu não sei escrever, porque eu não inventei nada disso. Eu não tenho o controle. 
E como eu posso entender algo que eu nunca escrevi, a minha realidade? Você não é coisa da minha cabeça, não é só um sonho. Você é coisa do meu coração, é parte da minha vida. E eu não sei como escrever sobre esse amor que é real de todas as maneiras, que existe em todos os planos, que é lindo de todos os jeitos.
Eu não sei como escrever sobre esse amor que eu sou totalmente inexperiente, eu só sei te amar. 
E te amar é dançar juntinho qualquer tipo de música mesmo você sendo um dançarino pior que eu, é passar tardes deitados na cama rindo de bobagens, é dirigir de madrugada dando voltas e voltas pela cidade jogando conversa fora, é cantar Nenhum De Nós mil vezes sem enjoar, é beber tequila juntos como parceiros indo para uma festa. É assistir House porque eu sei que é sua serie favorita e você assistir Grey's Anatomy em episódios aleatórios só pra me agradar. Te amar é ouvir a promessa fajuta de que você vai assistir todos os filmes de Star Wars e até hoje não viu nada. É aguentar seu pai enchendo meu saco e ver você criar toda uma paciência para aturar minha irmã adolescente. Te amar é brigar e depois ri da briga, é você me chamar de "cabeçuda" e eu te mostrar o dedo do meio, é falar que vamos ser fitness e sempre acabar a noite no McDonalds. 
Te amar é se assustar as vezes com toda essa alegria que você me faz, é ter medo que tudo seja só um sonho e na manhã seguinte você não exista mais pra mim, é não querer ser tão dependente do seu amor. Te amar é te afastar quando tento nos sabotar e você não ir, me vencendo na minha própria armadilha. 
Te amar é amar meu melhor amigo, é amar meu primeiro namorado, é amar meu futuro marido. 
Te amar é tocar na sua mão e sentir um amor reciproco, é ter casa, é ter abrigo, é ter carinho e proteção. É enxergar nos seus olhos nosso passado, passo a passo, todos os momentos em uma linha do tempo, do primeiro "oi" ao primeiro "eu te amo" e ainda sentir aquele mesmo frio na barriga como se fosse a primeira vez de novo. Te amar é enxergar nos seus olhos nosso futuro, é desenhar nossa casa, é pensar no nome dos nossos filhos, é querer noivar, é planejar casar, é estar juntos e ter nossa família. 
Te amar é ter coisas que eu nunca achei que queria, e sonhos que nunca achei que fossem pra mim e querer os piores clichês da vida como se fossem as melhores coisas do mundo.
Te amar é finalmente saber que a realidade pode ser muito melhor que minhas palavras e é não tê-las o suficiente para nos descrever, porque você é um amor que eu nunca vi, que eu nunca senti. É um amor amigo, parceiro, infantil. É um amor companheiro, de todas as horas, de suporte e força.
Amor, eu nunca escrevi nada pra você porque você é meu amor real e eu não sei escrever sobre isso. Mas eu ainda tenho uma terrível duvida: eu preciso saber se você me transformou ou me revelou, porque tudo que eu mais quero agora é você, nossos filhos e uma casa com cerquinha branca.

Por Ridrya Carolin.