quinta-feira, 24 de julho de 2014

Cata-Vento


Me perdoa
se eu desvio meus olhos do seu olhar
por fechar a boca e engolir as palavras
que eu quero te falar
por contrariar meu pés 
que insistem em te procurar

Me perdoa
se eu sou insegura
e desconfio de tudo e de todos
se eu te afasto
quando mais preciso do seu abraço

Me perdoa
se eu não acredito mais em nada
se o tempo me deixou amarga
se eu faço dos meus sentimentos uma lastima 
e te culpo
por conseguir trazer de volta
quem eu era antes dos meus medos
e magoas

Me perdoa
se eu faço do teu domingo
uma segunda-feira 
e mesmo ouvindo teus vários elogios
eu ainda me ache feia

Me perdoa
por desistir antes mesmo de começar
Eu não sou 
o melhor que você merece
Eu sou
o pior que você desconhece

Me perdoa
se eu quero te fazer meu 
e acabo sendo só mais uma
que se desdobra em duas
só para não ser sua

Me perdoa
se eu te deixo ir
e não vou atrás
Eu mudo de caminho
para ficar milhas na frente
e você ultrapassa cada planejado passo
me deixando para trás

Me perdoa
se eu fiz do teu nome
uma súplica do meu desgosto pela vida
e abafo em cada choro
um grito de socorro

Me perdoa
se eu sou toda errada
me faço de falsa
enquanto danço um sorriso exibido para o azar
e acabo me tornando fraca
Me perdoa
se eu não sei amar
e nem ser amada

Por Ridrya Carolin

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Nada de nada


Odeio tudo aquilo que fica perto 
e vai para longe
Odeio tudo que aparece,
encanta 
e depois some

Odeio tudo 
que se passa na minha cabeça
e não acontece
Odeio tudo
que vivo no sonho
e morre quando amanhece

Odeio tudo que rotula
o tempo, o espaço
e que nos tortura 
São histórias já escritas 
planos já formados
É um grande labirinto
sem saída por nenhum lado

Odeio tudo
que é engraçado 
e não me faz ri
Pessoas que tentam
e conseguem ser palhaças 
que acham graça até de um porco
correndo atrás do próprio rabo

O mundo habita hipócritas
lugar vazio
lotado de idiotas
Falta uma mente boa
Cheia de ideias
que preencha os buracos
que a prefeitura não conserta 

Ninguém está disposto 
a jogar fora 
a mostrar na rua 
a expressão certa de um rosto
Preferem rir da vida
mesmo que não achem motivos
para ser vivida

Moramos em gavetas
como algo escondido 
trancados a sete chaves 
esquecidos
quase nunca encontrados

Eu sou hipócrita
escrevo o que eu não sei
sinto o que não conheço
imagino muito
e vivo pouco 

Eu odeio 
a mim mesma 
por não ser eu mesma
por não falar alto
por não olhar para quem eu quero
por não ser o grito no meio do silêncio
Eu só me calo
e me reservo

Odiar
não me deixa no centro do mundo
não me faz saber de tudo
pois sobre o nada
nada sei
e mesmo que quisesse
o nada esconde segredos demais
para se entender

Por Ridrya Carolin