quarta-feira, 16 de julho de 2014

Nada de nada


Odeio tudo aquilo que fica perto 
e vai para longe
Odeio tudo que aparece,
encanta 
e depois some

Odeio tudo 
que se passa na minha cabeça
e não acontece
Odeio tudo
que vivo no sonho
e morre quando amanhece

Odeio tudo que rotula
o tempo, o espaço
e que nos tortura 
São histórias já escritas 
planos já formados
É um grande labirinto
sem saída por nenhum lado

Odeio tudo
que é engraçado 
e não me faz ri
Pessoas que tentam
e conseguem ser palhaças 
que acham graça até de um porco
correndo atrás do próprio rabo

O mundo habita hipócritas
lugar vazio
lotado de idiotas
Falta uma mente boa
Cheia de ideias
que preencha os buracos
que a prefeitura não conserta 

Ninguém está disposto 
a jogar fora 
a mostrar na rua 
a expressão certa de um rosto
Preferem rir da vida
mesmo que não achem motivos
para ser vivida

Moramos em gavetas
como algo escondido 
trancados a sete chaves 
esquecidos
quase nunca encontrados

Eu sou hipócrita
escrevo o que eu não sei
sinto o que não conheço
imagino muito
e vivo pouco 

Eu odeio 
a mim mesma 
por não ser eu mesma
por não falar alto
por não olhar para quem eu quero
por não ser o grito no meio do silêncio
Eu só me calo
e me reservo

Odiar
não me deixa no centro do mundo
não me faz saber de tudo
pois sobre o nada
nada sei
e mesmo que quisesse
o nada esconde segredos demais
para se entender

Por Ridrya Carolin

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