Odeio tudo aquilo que fica perto
e vai para longe
Odeio tudo que aparece,
encanta
e depois some
Odeio tudo
que se passa na minha cabeça
e não acontece
Odeio tudo
que vivo no sonho
e morre quando amanhece
Odeio tudo que rotula
o tempo, o espaço
e que nos tortura
São histórias já escritas
planos já formados
É um grande labirinto
sem saída por nenhum lado
Odeio tudo
que é engraçado
e não me faz ri
Pessoas que tentam
e conseguem ser palhaças
que acham graça até de um porco
correndo atrás do próprio rabo
O mundo habita hipócritas
lugar vazio
lotado de idiotas
Falta uma mente boa
Cheia de ideias
que preencha os buracos
que a prefeitura não conserta
Ninguém está disposto
a jogar fora
a mostrar na rua
a expressão certa de um rosto
Preferem rir da vida
mesmo que não achem motivos
para ser vivida
Moramos em gavetas
como algo escondido
trancados a sete chaves
esquecidos
quase nunca encontrados
Eu sou hipócrita
escrevo o que eu não sei
sinto o que não conheço
imagino muito
e vivo pouco
Eu odeio
a mim mesma
por não ser eu mesma
por não falar alto
por não olhar para quem eu quero
por não ser o grito no meio do silêncio
Eu só me calo
e me reservo
Odiar
não me deixa no centro do mundo
não me faz saber de tudo
pois sobre o nada
nada sei
e mesmo que quisesse
o nada esconde segredos demais
para se entender
Por Ridrya Carolin
Nenhum comentário:
Postar um comentário