sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A pessoa errada


"Numa hora a pessoa certa aparece. Ele era o cara errado".
Quantas vezes você já não ouviu isso? Da sua amiga, da sua mãe, avó, vizinha ou seja lá de quem. Crescemos associando que o fracasso na vida amorosa e as longas noites de solidão são devidas a falta da tal "pessoa certa" na nossa vida. Estamos todos a espera da pessoa certa, a espera de alguém que vá mudar tudo que conhecemos e achávamos que conhecíamos. Até os solteiros de plantão na balada estão involuntariamente a espera de alguém. 
Nossa vida é uma espera constante. E em meio a essa espera tentamos nos bastar com o pouco que aparece, tentamos entender e buscar explicações para coisas que não estão ao nosso alcance, tentamos descobrir coisas que parecem não querer serem descobertas. A espera é longa, cansativa e cheias de história inacabadas para contar. Até que chega o momento em que você não sabe mais o que, na verdade, está esperando. A pessoa certa? Quem é a pessoa certa? O que é a pessoa certa?
A pessoa certa pode ser qualquer um por ai. Pode ser o cara que me manda mensagem de boa noite todo dia antes de ir dormir, o cara que senta na minha frente na sala de aula, o cara que ignorou todas as outras meninas na festa de sábado só para ficar conversando comigo no canto, o cara que trabalha no comércio da rua de cima e deixa estampado na cara que casaria comigo se eu quisesse. O mundo está cheio de pessoas certas. Tem pessoas certas em todo lugar. Eu estou cheia de pessoas certas a minha volta. Se pelo menos eu desse uma chance para alguma delas, talvez eu finalmente me tornasse a namorada de alguém, talvez finalmente desse certo. 
Então, eu me pergunto, por que eu não as quero? Sempre briguei comigo mesma por nunca conseguir entender o porque de eu não gostar de uma dessas pessoas que tá mais do que na cara que gostam de mim. Como não gostar? Ele é todo certinho, gosta de você, quer namorar você, quer conhecer e cuidar de você. Tá ai bem na sua frente. A pessoa certa, não é? Não. Não, porque ele é só mais uma pessoa certa que faz eu me sentir errada.
Hoje, eu finalmente entendi que nem sempre a pessoa certa te faz se sentir certa. 
Então, cheguei a conclusão de que eu não quero a pessoa certa. 
Eu nunca quis o que era certo. De certo na minha vida basta eu. Eu quero o errado. Quero o beijo errado num lugar errado com o cara errado. Eu quero alguém que me faça perder a hora, perder a fala, perder o ônibus, perder as chaves, perder o juízo, perder a cabeça. 
O errado te deixa com os hormônios à flor da pele, te deixa louca, vibrante, quente, ácida. Te faz sentir coisas, te faz sentir tudo e mais um pouco. Te deixa com as pernas bambas, com o coração acelerado, com frio na barriga, com a cabeça girando. O errado te envolve como um todo, alcança todos os pedacinhos do teu ser, do teu corpo, do coração, da alma. Ele mexe, toca, bagunça tudo. Ele é o único que tira e traz sua paz de volta. O único que ao mesmo tempo te deixa feliz e triste, que te conforta e te poem em perigo e que te liberta e também prende.  
Está com a pessoa errada é como viver um filme de ação com cenas de amor, é dançar um rock pesado com letra romântica. Está com a pessoa errada é sentir a adrenalina, é correr, suar e desvencilhar. 
Pessoas certas são chatas, previsíveis, empáticas. Pessoas certas trazem tédio para sua vida, já as erradas trazem emoção. 
E se, por acaso, é a pessoa errada que faz você se sentir certa, pra que esperar? Tem algo mais certo do que isso?

Para ler ouvindo: Keane - Somewhere Only We Know

Por Ridrya Carolin

domingo, 7 de agosto de 2016

Não deixe qualquer um entrar


Não, de jeito nenhum. 
Qualquer um menos esse!
Olha só pra ele: sorriso lindo, olhos castanhos, jeito de menino, aparência de homem. 
Tá bom. 
Dá mais uma olhada: bom de lábia, mãos rápidas, desculpas decoradas, beijou cinco na balada, todo desapegado, não quer nada com nada. 
Lindo, mas cafajeste. Divertido, mas mentiroso. Fala como príncipe, mas não passa de um Lobo Mau assumido. 
Ok. Isso tudo eu e minha cabeça já sabemos e já o reprovamos logo de cara. Agora vai contar para o coração, que enxerga não sei com o que, mas com certeza não é com os olhos e muito menos com o bom senso. De tudo que eu descrevi, o coração apenas viu aquilo que ele quis e pronto. Deletou todo o resto.
Que fácil você, hein. Bastou uma palavra bonita aqui e outra ali, um beijo lento e ardente, um segurar de mãos delicado e firme, uma troca de olhares demorada e cheia de intenções que já gamou no cara errado. 
O pior de tudo é você saber que o cara é errado. E o cara nem disfarça, já vem escrito na testa "Vou te fazer sofrer, gata". E mesmo assim você não controla as borboletas no estômago, o arrepio na pele, a tremedeira nas pernas e o nervosismo que o coração tá espancando no peito. 
Você e sua cabeça estão de acordo, uma do lado da outra, jogando no mesmo time. O problema de tudo é o coração. Ele não tá nem aí pra você, pro que você sabe e acha. Ele só se importa com o que ele sente. Ele vira teu pior inimigo se você tentar impedi-lo, mas não te dá ouvidos. 
E, mais uma vez, lá estava o coração fazendo merda. Lá estava ele achando que sabe de tudo, se sentindo o dono da razão, certo de que está no controle da situação. 
Lá estava o coração sonhando acordado e me arrastando para dentro de mais um pesadelo.
Um rápido conselho: não caia nessa história de avó de "segue seu coração" ou "escute sempre o coração" que é tudo furada. O coração não sabe de nada. É pior do que criança, não pode deixa-lo sozinho por alguns instantes que já apronta uma.  
Sei lá.
Eu só queria que meu coração fosse um pouco mais difícil e um pouco menos entregue. Fizesse um pouco mais de charme e um pouco menos de gracinha. Forçasse um pouco mais a barra e se deixasse levar um pouco menos. Fosse um pouco mais teimoso e um pouco menos tolerante. Fosse um pouco mais seletivo e um pouco menos compreensivo. Fosse um pouco mais racional e um pouco menos sentimental.
Eu só queria que meu coração me quisesse um pouco mais e um pouco menos você. 
Mas o danado do coração não perde tempo. Já pintou as paredes de cor castanho-dos-teus-olhos, já aparou os medos no quintal, já colocou as expectativas no forno e espanou o morfo passado de cima do presente. Já preparou tudo para tua visita como se já soubesse da tua chegada. Ele já se renovou todo, está novinho em folha. 
Agora, ele só te espera. Agora, ele só quer te abrigar, te cuidar, te refugiar. Agora, ele quer ser a tua casa. 
De muito bom grado, ele fez de tudo para deixar o lugar do teu agrado. Com muito bom gosto, ele decorou todo lugar seguindo o manual dos teus gostos. E cheio de esperança, ele se vestiu de você pra ver se você o notava. 
O coração esperou, esperou e esperou mais um pouco. Mas você não veio, nunca apareceu. Não deu nenhuma satisfação, não fez nenhuma ligação, não deixou nenhum recado. E como já era tarde, ele apagou as luzes, trancou a portar e foi deitar. 
Acho que o coração só queria te agradar, te impressionar, chamar tua atenção. Só queria que você gostasse dele ou ao menos lhe desse uma chance. 
Agora, ele tá aqui sozinho no meio da sala esparramado no chão, olhando todo o esforço em volta e entristecido por ter sido em vão. 
Moça, abre o coração somente para quem queira mesmo entrar. Somente para quem mereça ver como é a decoração de dentro, como são os cômodos de cada parte da tua essência, como guarda cada lembrança revelada nos porta-retratos em cima da estante, como esconde cada segredo dentro de um bau lá no sótão. 
Teu coração é abrigo, é refúgio, é lar, é mar, é planeta, é universo, é imensidão, é família, é amigo, é companheiro, é casa.
Moça, teu coração é um bom lugar. Não deixe qualquer um entrar.

Para ler ouvindo: Clarice Falcão - Qualquer Negócio

Por Ridrya Carolin

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A primeira vez


Falam que no mundo de hoje virgindade não é nada. 
Idealizam demais algo que no fim acaba sendo banal. 
As primeiras vezes vão ocorrendo na nossa vida tão naturalmente que nem nos damos conta de quando não somos mais virgens de beijo, de sexo, de porre, de fumar, de traição, de perdas, de coração partido ou de viajar sozinho. Até mesmo nosso cabelo perde a virgindade numa hora ou outra, seja de uma tintura ou de uma progressiva.
O problema é que a virgindade mais difícil e talvez a que mais queremos que aconteça, é mais difícil de perder.
Perder a virgindade de amar. 
Essa sim, é a mais esperada e, por consequência, a mais demorada.
O meu corpo, a minha alma, o meu coração são virgens de amor.
Eu sou virgem de amor.
Eu nunca me entreguei e nunca fui recebida. Eu nunca fui bem vinda, nunca passei de uma rápida visita. Nunca fui convidada para passar a noite e nunca dividir minha cama. Nunca me despir na frente de alguém e fiquei nua a ponto de algum "ele" ver que eu tenho medo de trovão, que quando quero chorar eu sento no chão, que quando tô feliz eu sorrio à toa e quando tô triste eu fecho a cara, que às vezes eu acordo de madrugada para tomar uma xícara de café ou de chá, que eu falo mil coisas e no fim não falei nada, que me apego a tudo muito rápido e enjoo de tudo muito fácil, que meu humor é bipolar e minhas crises são escondidas, que o meu drama extrapola o tolerável e a minha raiva me explode, que eu sofro calada e sou feliz em silêncio, que meu carinho é extravagante e minhas declarações são tímidas, que tenho medo de amar e amo com medo. 
Falam que a primeira vez sempre dói. 
Então, talvez essa seja a razão para o teu sorriso torto, o teu olhar de cachorro pidão e o teu jeito de criança alegre me doerem tanto.

Para ler ouvindo: Everything I Own - Bread (aperte em cima para ouvir a música)

Por Ridrya Carolin

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Amor de escritora


A vida complicou depois que você chegou e bagunçou o que já não era arrumado. 
Na verdade, depois de você muita coisa complicou, bagunçou, mudou. 
Você chegou assim tão de mansinho, tão quietinho, tão na sua. Você chegou como uma brisa leve de um fim de tarde, como um raio de sol tímido no início da manhã. Mas não, você não era e nunca foi calmaria. Você era fogo desde o começo, era perigoso e convidativo. Você me queimava com os olhos e me deixava em chamas com um só toque. 
Você era aquela atração incontrolável e gostosa que todo mundo tem que ter pelo menos uma vez na vida. 
Você era simples. Era o cara que eu gostava de brincar de amar numa festa, na madrugada, nos imprevistos e que no dia seguinte não me afetava em nada, na semana seguinte eu já nem mais lembrava. 
Você era passageiro, visitante, hóspede nos finais de semana. O que eu convidava a entrar e convidava a se retirar. Ia e vinha, mas não ficava. Não durava muito. Não permanecia na minha casa. Logo ia embora, dando um adeus alegre e dizendo "até a próxima". 
E eu gostava assim. Gostava de ter você perto para me animar e longe para eu não me acostumar. 
Depois de você, eu passei a entender porque não se pode brincar com fogo sem se queimar. Porque não se pode andar na ponta dos pés na corda bamba achando que sempre terá equilíbrio para não cair. Porque não se pode abrir a porta e deixar alguém entrar sem correr o risco de terminar sozinha no meio da bagunça que há tempos você já havia arrumado.
Eu nunca te olhei com os olhos, nunca te beijei com a boca, nunca te toquei para te sentir. Eu nunca me vi ameaçada pelo perigo que você representava. Sempre te bloqueei na minha cabeça, na minha imaginação, no meu coração. Sempre tive você comigo, te deixando a uma certa distância. 
Pra mim, você sempre foi diversão e, de repente, virou frio na barriga. Você sempre foi brincadeira de pega-pega e, de repente, virou esconde-esconde. Você sempre foi aventura e do nada virou constância. Você sempre foi vontade e acabou virando necessidade. 
Droga! Quando foi que eu comecei a notar aquela covinha no canto esquerdo do teu sorriso? Quando eu comecei a saber diferenciar o cheiro do teu perfume no meio de vários outros? Quando eu comecei a notar que você é meu primeiro "casinho" que na hora de mandar mensagem sabe colocar as vírgulas nos lugares certos e sabe diferenciar "mas" de "mais"? Quando eu comecei a ri do som da tua risada? Quando meu coração começou a se tremer todo com uma das tuas longas olhadas? 
Quando eu comecei a achar teu coração mais bonito que a tua carinha de cachorro brincalhão? 
Quando, exatamente, eu passei a te achar o cara mais maravilhoso do mundo?
Você era simples até o momento em que eu te compliquei. Nós estávamos arrumados até o momento em que eu nos baguncei. 
Agora, justo eu que nunca quis ser nada de ninguém, tô aqui louca pra ser sua. Mas a pior parte dessa minha loucura que foi te querer, é saber que eu nunca vou te ter e aceitar calada que seu coração já é de outra pessoa. 
Mal sabe essa tal garota a sorte que ela tem, mal sabe ela que ela tem meu mundo nas mãos. Mal sabe ela que justo você, que nunca quis ser nada de ninguém, tá ai louco pra ser dela. Mal sabe ela que ela deve ser a tua complicação, a tua bagunça. 
Pra você, eu nunca vou passar de algo simples, fácil, descartável. 
E eu não te culpo, eu te entendo. Eu não tenho nada que você queira, nada que você vá gostar, nada que seja do seu agrado. 
A única coisa que eu tenho para te oferecer é uma garota que vai te transformar em poesia, em crônica, em um personagem de algum romance. Uma garota que vai te fazer de inspiração, que vai te enxergar em lugares que você não consegue ver, que vai te tocar em lugares onde você não consegue alcançar. Uma garota com o dom de te eternizar em palavras. 
A única coisa que eu tenho para te oferecer é o amor de uma escritora. 
Eu sei. Não é muito. E talvez você não tenha interesse nenhum e talvez até ache graça, mas é tudo que eu tenho. 
Sinto muito.

Por Ridrya Carolin 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Entre 4 paredes


Nós tínhamos um acordo. 
Depois de tanto tempo indo e vindo, se encontrando e se perdendo, se querendo e se aturando, nós seriamos amigos coloridos, ficantes fixos. Sem exigências, sem exclusividades, nem compromisso. Na frente dos outros seriamos eu e você, bons e velhos amigos, cada um no seu canto. E entre quatro paredes seriamos nós, um bom e velho casal, cúmplices, amantes. 
Esse era nosso acordo. Amigos comuns lá fora e amigos com benefícios aqui dentro. Nos privamos do mundo para ter o nosso próprio mundo onde não haveria preocupações com brigas e com o falatório alheio. Mas no geral, nosso acordo é e continua sendo de ser amigos. Era isso que combinamos desde o começo: preservar nossa amizade, cuidar um do outro. 
Então, por que de uma hora para outra você resolveu nos transformar em estranhos na frente das outras pessoas? Por que teus olhos começaram a evitar os meus? Por que tua mão evita fazer contato com a minha pele? Por que você resolveu nos afastar totalmente do mundo e nos guardar apenas aqui entre essas quatro paredes? Por que de repente viramos desconhecidos e paramos de ser amigos?
Você me afastou. Me empurrou para longe, me jogou para fora da pista, me deixou fora da sua vista. E eu fiquei aqui, tentando não me importar e ao mesmo tempo tentando entender. Você modificou nosso acordo sem nem mesmo pedir minha permissão ou perguntar minha opinião. Você nos transformou em desconhecidos lá fora e ficantes aqui dentro. 
E mesmo assim, você ainda me segurou e não me deixou ir. Todas vez, quando estou prestes a trancar a porta do nosso quatro para sempre, você me puxa de volta para dentro e me pede para ficar. Você não sabe o que quer, mas sabe o que não quer: você não quer me perder. Você quer me ter, mas a ideia de que eu também te tenha é absurda demais e você se assusta. E mais uma vez você me afasta e se muda. Mais uma vez só existimos entre quatro paredes e para o mundo não somos nada além de meros conhecidos. 
Foi então que me dei conta de que o problema não era e nunca fui eu. Não era de mim que você tinha vergonha, não era a mim que você queria esconder. 
O problema é e sempre foi você.
É você que tem vergonha de si mesmo e quer se esconder de todos.
E fazendo um tremendo esforço, eu até consigo te entender. Pega mal para o cara que tem fama de "Garanhão Indomável" ser visto segurando minha mão ou me dando um abraço longo e carinhoso. Vai ficar muito feio pra você se seus amigos souberem que a gente gosta de deitar agarradinho, que a gente conversa sobre coisas íntimas e rir de coisa tontas, que você me acha a mulher mais inteligente que já conheceu e o meu perfume é teu cheiro preferido, que você gosta de me abraçar por trás porque sabe que vou segurar seus braços para não mais me soltar, que você gosta de colocar o nariz entre o meu cabelo e gosta ainda mais quando eu te beijo naquele espacinho entre o pescoço e a orelha e você fica arrepiado.
Mas ninguém pode saber dessas coisas. 
Ninguém! 
Muito menos a macacada que você chama de amigos. 
Para o mundo você tem que ser aquele cara desapegado, descomprometido, que não quer ninguém e não tá nem aí pra nada. Já no mundo, por de trás das quatro paredes que nos deixam invisíveis, você se permite ser e ter o que, no fundo, te faz falta.
Sabe, você não me perguntou se eu aceito a condição de ser o seu escape, mas eu te respondo de bom grado. Eu não aceito!
Eu não aceito ser a garota que aqui dentro você adora e lá fora você ignora. Eu não aceito que você queria ser meu apenas quando as luzes estão apagadas e que seja de todas quando as luzes estão acessas. Eu não aceito que você seja um homem quando está só nós dois e que seja só mais um moleque quando aparece todos os outros depois.
Você é tão bobo que não enxerga que seus amigos, na verdade, devem morrer de inveja. Você é tão bobo que dá voz ao seus medos e traumas invés de dá voz as suas vontades, aos seus instintos, as suas necessidades. 
Não vou negar, nem pra você e nem pra ninguém. Eu vejo em você um grande potencial, eu vejo um coração bondoso e um cara que precisa e que quer ser cuidado. Eu gosto de você, dentro e fora dessas quatro paredes. Mas no momento, eu não posso ser cúmplice da sua farsa e nem uma coadjuvante nesse seu teatro. Não posso apoiar e nem ter ao meu lado o Garanhão Indomável, por que quem eu quero do meu lado é você. Sem máscaras, sem disfarces, sem poses, sem fama. Não quero o cara que se alimenta de uma tal reputação. Eu quero o homem que você esconde aí dentro, e que só se mostra quando não tem ninguém vendo. 
Então, vamos fazer assim: quando o homem que você é se libertar do Garanhão Indomável que você finge ser, me procure. Quando você estiver pronto para ser só você, quando você se permitir amar e ser amado, venha até mim.
E quem sabe, se o tempo ainda estiver a nossa disposição, ainda haja uma chance de a vida deixar eu e você acontecer.
Mas por enquanto, olhando pela janela dessas quatro paredes, eu paro e penso: hoje ele é só mais um garoto que fica de cama em cama em busca de prazer e carinho, mas no fim da noite volta para casa insatisfeito e sozinho. 

Por Ridrya Carolin