quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A primeira vez


Falam que no mundo de hoje virgindade não é nada. 
Idealizam demais algo que no fim acaba sendo banal. 
As primeiras vezes vão ocorrendo na nossa vida tão naturalmente que nem nos damos conta de quando não somos mais virgens de beijo, de sexo, de porre, de fumar, de traição, de perdas, de coração partido ou de viajar sozinho. Até mesmo nosso cabelo perde a virgindade numa hora ou outra, seja de uma tintura ou de uma progressiva.
O problema é que a virgindade mais difícil e talvez a que mais queremos que aconteça, é mais difícil de perder.
Perder a virgindade de amar. 
Essa sim, é a mais esperada e, por consequência, a mais demorada.
O meu corpo, a minha alma, o meu coração são virgens de amor.
Eu sou virgem de amor.
Eu nunca me entreguei e nunca fui recebida. Eu nunca fui bem vinda, nunca passei de uma rápida visita. Nunca fui convidada para passar a noite e nunca dividir minha cama. Nunca me despir na frente de alguém e fiquei nua a ponto de algum "ele" ver que eu tenho medo de trovão, que quando quero chorar eu sento no chão, que quando tô feliz eu sorrio à toa e quando tô triste eu fecho a cara, que às vezes eu acordo de madrugada para tomar uma xícara de café ou de chá, que eu falo mil coisas e no fim não falei nada, que me apego a tudo muito rápido e enjoo de tudo muito fácil, que meu humor é bipolar e minhas crises são escondidas, que o meu drama extrapola o tolerável e a minha raiva me explode, que eu sofro calada e sou feliz em silêncio, que meu carinho é extravagante e minhas declarações são tímidas, que tenho medo de amar e amo com medo. 
Falam que a primeira vez sempre dói. 
Então, talvez essa seja a razão para o teu sorriso torto, o teu olhar de cachorro pidão e o teu jeito de criança alegre me doerem tanto.

Para ler ouvindo: Everything I Own - Bread (aperte em cima para ouvir a música)

Por Ridrya Carolin

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